Continuamos com as palavras de Frithjof Schuon sobre significado da palavra esoterismo.
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O esoterismo é aquilo que desvenda a relatividade de algo aparentemente absoluto ou o absoluto de algo aparentemente relativo. Visto do alto, o carácter de absoluto de uma dada forma revela os seus limites, enquanto que a contingência existencial de um determinado fenómeno revela, pelo contrário, o carácter de absoluto da sua essência, de uma forma tal em que um único elemento sagrado, depois de perder o carácter formal de absoluto que lhe é atribuído pela perspectiva exotérica, assume um novo carácter de absoluto, ou mais correctamente, revela-o, nomeadamente o do arquétipo que manifesta. O Evangelho aparenta ser absoluto enquanto se impõe aos Cristãos como a única palavra de Deus; mas a visão esotérica das coisas permite-nos, por um lado, descobrir os limites deste totalitarismo e, por outro lado, discernir neste mesmo Evangelho o carácter absoluto da Palavra Divina como tal, a palavra a partir da qual todas as Revelações derivam. [Frithjof Schuon - Logic and Transcendence, The Problem of Qualifications]
O esoterismo pode ser entendido como a “religião da inteligência”: isto significa que este opera com o intelecto – e não apenas com o sentimento e a vontade – e que, consequentemente, o seu conteúdo é tudo o que a inteligência pode alcançar, e que apenas ela pode alcançar.* O “sujeito” do esoterismo é o Intelecto e o seu “objecto” é, ipso facto, a Verdade total, nomeadamente – expressa em termos Vedânticos – a doutrina de Atma e Maya; e aquele que diz Atma e Maya, diz Jnana, conhecimento directo, intuição intelectual.
(* Está longe da verdade que todo o esoterismo histórico é esoterismo puro; uma exegese colorida por um sistema confessional ou totalmente envolvido num misticismo subjectivo está longe de uma verdadeira gnose. Por outro lado, está longe de ser o caso de que tudo o que é colocado na categoria de esoterismo o seja na realidade; acontece demasiadas vezes que diversos autores, ao abordar este conceito, não façam a devida distinção entre o que é genuíno e o que é falso, entre a verdade e o erro, em consonância com os dois pecados do nosso tempo, os quais são a substituição da inteligência pela psicologia e a confusão entre o psíquico e o espiritual.) [Frithjof Schuon - To Have a Center, Intelligence and Character]
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