Ao longo do percurso trilhado pelos caminhantes que anseiam subir a montanha da Sabedoria e alcançar o seu cume, a Verdade, uma das dificuldades que surge com maior frequência é a constante tendência para a dispersão; é como se alguém nos tivesse explicado o caminho e nós, deslumbrados com a abundância e variedade de tudo o que o rodeia, o tivéssemos subitamente esquecido e nos encontrássemos perdidos sem saber em que direcção retomar a caminhada. Este desvio tem graves consequências e, por vezes, implica um regresso ao ponto de partida, altura em que é necessária uma grande determinação para nos lançarmos de novo ao nosso derradeiro objectivo.
Esta tendência pode surgir manifestada nos próprios hábitos de leitura e pela preferência dada a obras de grande complexidade, muitas vezes sem grande profundidade, nas quais o desafio intelectual que é a sua compreensão e a informação obtida pela sua leitura, se confundem com aquilo que verdadeiramente importa. Tornamo-nos numa espécie de idólatras do conhecimento. É bem sabido que conhecimento não é sabedoria; e é esta última o objectivo da nossa caminhada. Podemos, sem grande risco de faltar à verdade, afirmar que há muito que este é um dos graves problemas das nossas universidades e meios intelectuais.
Estas reflexões surgem naturalmente quando temos a felicidade de ter nas mãos duas preciosas obras que manifestam o oposto desta tendência. Obras que abordam pura e simplesmente o que é essencial. Schuon afirmava que “la essence de la connaissance et la connaissance de l’essence”, e esta essência é a Sabedoria que ansiamos atingir.
Inadvertidamente, chamamos-lhe por vezes capacidade de síntese, quando na verdade se trata de algo bem superior, algo que irrompe do sabido e do vivido, do realizado. Um dos mestres desta capacidade de “redução” à essência é William Stoddart, de quem já aqui apresentámos um livro. Desta vez chamamos a atenção para dois pequenos livros que consistem em criteriosas selecções de excertos e citações, sobretudo de fontes tradicionais de todas as grandes tradições da humanidade.
Um desses livros é o “Invincible Wisdom – Quotations from the Scriptures, Saints, and Sages of All Times and Places”. Nesta antologia de ditos, máximas e aforismos, a ideia que guiou o seu autor foi a recolha de preciosas pérolas que reflectissem valores espirituais profundos e permanentes; nas palavras do autor, “uma sucinta, mas poderosa, afirmação ‘da Verdade, do Bem e do Belo’”.
Esta afirmação não poderia deixar de reflectir os dois pólos da forma como nos é revelada, o Rigor e a Misericórdia. Aqui ficam alguns exemplos para que sintam a fragrância da Verdade que emana das palavras seleccionadas por William Stoddart.
Esta tendência pode surgir manifestada nos próprios hábitos de leitura e pela preferência dada a obras de grande complexidade, muitas vezes sem grande profundidade, nas quais o desafio intelectual que é a sua compreensão e a informação obtida pela sua leitura, se confundem com aquilo que verdadeiramente importa. Tornamo-nos numa espécie de idólatras do conhecimento. É bem sabido que conhecimento não é sabedoria; e é esta última o objectivo da nossa caminhada. Podemos, sem grande risco de faltar à verdade, afirmar que há muito que este é um dos graves problemas das nossas universidades e meios intelectuais.
Estas reflexões surgem naturalmente quando temos a felicidade de ter nas mãos duas preciosas obras que manifestam o oposto desta tendência. Obras que abordam pura e simplesmente o que é essencial. Schuon afirmava que “la essence de la connaissance et la connaissance de l’essence”, e esta essência é a Sabedoria que ansiamos atingir.
Inadvertidamente, chamamos-lhe por vezes capacidade de síntese, quando na verdade se trata de algo bem superior, algo que irrompe do sabido e do vivido, do realizado. Um dos mestres desta capacidade de “redução” à essência é William Stoddart, de quem já aqui apresentámos um livro. Desta vez chamamos a atenção para dois pequenos livros que consistem em criteriosas selecções de excertos e citações, sobretudo de fontes tradicionais de todas as grandes tradições da humanidade.
Um desses livros é o “Invincible Wisdom – Quotations from the Scriptures, Saints, and Sages of All Times and Places”. Nesta antologia de ditos, máximas e aforismos, a ideia que guiou o seu autor foi a recolha de preciosas pérolas que reflectissem valores espirituais profundos e permanentes; nas palavras do autor, “uma sucinta, mas poderosa, afirmação ‘da Verdade, do Bem e do Belo’”.
Esta afirmação não poderia deixar de reflectir os dois pólos da forma como nos é revelada, o Rigor e a Misericórdia. Aqui ficam alguns exemplos para que sintam a fragrância da Verdade que emana das palavras seleccionadas por William Stoddart.
Não cuideis que vim a meter paz na terra; não vim a meter paz, senão a espada. (Mateus 10:34)
E se o cego ao cego guiar, ambos na cova cairão. (Mateus 15:14)
Não são os seus olhos que estão cegos, mas os seus corações. (Alcorão 22:46)
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Está na natureza do bem que ele se comunique. (Santo Agostinho 354-430)
Diz-se que um dia Ânanda, o amado discípulo de Buddha, saudou o seu mestre e lhe disse: “Ó Mestre, metade da vida sagrada é amizade com a beleza, associação com a beleza, comunhão com a beleza.”
“Não digas tal coisa Ânanda!” respondeu o mestre. “Não é metade da vida sagrada, é a totalidade da vida sagrada.” (Samyutta Nikâyâ)
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A segunda compilação de William Stoddart é o belíssimo livro “What do the Religions say about Each Other? – Christians Attitudes towards Islam and Islamic Attitudes towards Christianity”. Neste caso o autor concentra-se nas duas tradições religiosas actualmente mais relevantes no Ocidente e procura, recorrendo a exemplos escolhidos a partir das suas formas tradicionais, esclarecer e mostrar ao leitor as verdadeiras atitudes e relações que estas duas religiões mantiveram entre si ao longo dos séculos.
E Pedro abriu a sua boca e disse: “Em verdade, entendo que Deus não mostra parcialidade, e que todo aquele em qualquer nação que O tema, e faça o que é correcto, é aceite por Ele”. (Actos dos Apóstolos 10:34-35)
Em verdade, fizemos surgir um Mensageiro em todas as Nações, proclamando: serve Deus e evita falsos deuses. (Alcorão 16:36)
Em verdade, fizemos surgir um Mensageiro em todas as Nações, proclamando: serve Deus e evita falsos deuses. (Alcorão 16:36)
Miguel,
ResponderEliminarMuito útil e oportuna a sua resenha destes dois informativos e esclarecedores livros de Stoddart. Seria bom se os tívessemos em português! Gostei em particular de sua lembrança da impactante frase de Schuon: “La essence de la connaissance c'est la connaissance de l’essence” (A essência do conhecimento é o conhecimento da essência).
Abraço perene,
Mateus