quinta-feira, 9 de julho de 2009

Arte e beleza

Como já deve ser do conhecimento dos leitores do Sabedoria Perene, durante os próximos meses que coincidirão com a preparação do próximo número da revista, vamos dar especial ênfase à arte, mais precisamente à visão que dela tiveram ou têm aqueles que se dedicam ao estudo da Tradição.

Alguns dos textos que vão surgir no próximo número já foram aqui publicados, nomeadamente os ensaios de Burckhardt e Keeble, bem como uma primeira parte do brilhante ensaio de A. Coomaraswamy; e outros, ou partes deles, irão continuar a ser publicados neste espaço.

Quero expressar a minha gratidão a todos os que têm enviado felicitações pela publicação da revista Sabedoria Perene; elas são sem dúvida uma grande motivação para a continuidade deste trabalho.

Finalmente, em antecipação ao que constituirá, em grande parte, a ambiência deste espaço nos próximos meses, deixo-vos algumas palavras de Schuon sobre a arte e a beleza.


Em primeiro lugar, é importante compreender que o propósito da arte não é, a priori, a indução de emoções estéticas, mas sim transmitir, em conjunto com estas, uma mensagem espiritual mais ou menos directa e, assim, sugestões que emanam da verdade libertadora e que a ela fazem retornar. Por definição a arte pertence à ordem formal, e quem diz perfeição de forma diz beleza; afirmar que a arte dispensa a beleza, sob o pretexto que o seu derradeiro fito é espiritual, é tão falso quanto afirmar o oposto, isto é, que a beleza é o único objectivo de uma obra de arte. A beleza envolve essencialmente um receptáculo e um conteúdo: em relação ao receptáculo, ele é representado pela conformidade com as leis da harmonia, ou a regularidade de estrutura, enquanto que o conteúdo é uma manifestação do “Ser” ou do “Conhecimento”, ou ainda da “Beatitude”, ou mais precisamente de uma combinação variada dos três elementos; são precisamente estes conteúdos que determinam a priori o receptáculo. Falar “pura e simplesmente” de beleza com um sentido pejorativo é uma contradição de termos, pois a beleza não pode senão manifestar a verdade ou um aspecto ou modo da mesma; se a harmonia sensível “liberta” à sua maneira e em determinadas condições, isto deve-se ao facto de ser verdade.

Retirado e traduzido de “Art from the Sacred to the Profane: East and West” de Frithjof Schuon, editado por Catherine Schuon. Publicado por World Wisdom, Inc., 2007.

2 comentários:

  1. Miguel, meu caro...

    Te mandei duas cartas por correio eletrônico, leste?

    abraço

    Léo Magalhães

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  2. Anónimo9/4/14 01:58

    Qual a relação da beleza com a cultura? dê exemplos dessa relação em seu cotidiano?

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